Quando conheci o Vida Maria, fiquei encantada com a sensibilidade e o tratamento dado às questões recorrentes no agreste brasileiro. Fabuloso e necessário, vejam:
O filme encanta desde as primeiras cenas. A mão desajeitada que segura um lápis mordido: quantas marias morderam, de nervoso, lápis e canetas enquanto tentaram "desenhar" uma letra?
Absorta na magia da escrita, a criança não ouve a mãe que, cansada da vida severina que leva, pede ajuda à filha. Por todo Brasil crianças perdem a infância trabalhando: essa Maria será chacoalhada - "vá procurar algo útil para fazer Maria!"
A criança não ousa discutir e segue para o terreiro: árido como as vidas que convivem com ela. No terreiro, algumas passagens de tempo magistralmente construídas.
E assim, a menina se transforma em uma bela mulher à espera de um príncipe que lhe tire a lata d'água da cabeça. Chega o príncipe e os frutos, mas a vida não muda. Continua severina, ou Vida Maria. Até que o ciclo se fecha. Como quebrar esse ciclo?
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